terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pirâmide alimentar, introdução alimentar, e afinal, como alimentar? Parte 1

Chegados os seis meses de idade do bebê - antes disso o bebê deve ser somente amamentado (materno ou artificial) de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria (embora patrocinada pela "Nestlè Nutrition, humpf), com sorte apoiado pelo pediatra do  bebê e pela família - finalmente chega a hora de dar comidinha ao bebê e as mães ficam felizes com o momento (afinal, amamentar em público ainda é um desafio em muitos lugares e ainda há muita gente no mínimo inconveniente, mas isso é outro assunto). Enfim podemos alimentar o bebê sem nenhum tipo de olhar estranho. Mas com essa alegria (e evolução do bebê) vem também uma confusão danada: o que dar, de que forma cozinhar e em que quantidade? Começar com frutinhas ou com legumes e vegetais? Preciso dar água? Sucos e chá? E o bebê vai continuar mamando? Com que frequência devo dar de mamar?
Nem preciso dizer que como todas, eu tive essas mesmas dúvidas (algumas perduram até hoje), mas o menino "precisava comer" e pronto, lá vou eu para o fantástico mundo investigativo, patrocinado pelo Google. Na era da informação, espera-se que com tudo ao nosso alcance, saibamos o que fazer e em quem confiar, mas obviamente não é tão simples assim. Então comecei por quem eu achei que seria uma fonte confiável, uma referência, uma autoridade até: o Ministério da Saúde. E descobri, inclusive que ele tem disponível esta beleza: o Guia Alimentar Para Crianças Menores de 2 Anos. (Pegue o seu aqui.) E olha, aprendi tanta coisa e acabei descobrindo um admirável mundo novo. Pra começo de conversa, o bebê não precisa bater um prato de comida aos seis meses e um dia. Pense comigo: o bebê passou uns 9 meses sendo alimentado pela mamãe dentro da barriguinha com líquido, aí ele nasce e passa os seis meses seguintes no seio da mãe, tomando somente leite materno ou artificial e aí de repente, (sim, porque ele não tem noção de tempo) já queremos que coma de tudo! Nãããão, mamãe, vou fazer caretas, vômitos, aprender a cuspir e pedir peito. A recomendação então é que comecemos com frutinhas (banana, maçã e pêra costumam fazer sucesso, aqui ainda estamos na luta pelas frutas) amassadas ou raspadas. Só que não é só dar um pouquinho de banana amassada um dia e meia maçã no outro. Na introdução alimentar, os alimentos devem ser dados por 3 dias: então, se começar pela banana amassadinha, dê banana amassadinha durante 3 dias - obviamente não a mesma banana, hehehe. Assim, você poderá ver se o bebê tem alguma alergia (já li sobre inúmeros casos de alergia a banana), se prende ou solta o intestino, se dá cólicas, se dá alguma reação na pele. E é pra dar só 1 vez por dia (de manhã, preferencialmente, no intervalo das mamadas), não vai enfiar banana goela abaixo o dia inteiro. É por isso que digo que a introdução alimentar demora, leva tempo e quem tem que relaxar somos nós, não os bebês, e é por isso que chamamos de introdução alimentar, não de imposição alimentar.
Pois bem, depois de um mês, o bebê já deve ter se acostumado com coisas diferentes do leite, desenvolveu uma certa capacidade de mastigar e já podemos entrar com a papinha salgada. (Atenção, salgada é só o nome, o sal na papinha é de mínimo pra inexistente.) Novamente, o processo é o mesmo: 1 alimento a cada 3 dias, pelos mesmos motivos. A sugestão que é normalmente dada é que se comece por alimentos mais adocicados: mandioquinha (batata-baroa ou batata-salsa em alguns lugares), abóbora ou cenoura. O ideal é que seja preparada no vapor, já que está comprovado que é o método de cocção em que se perdem menos nutrientes, mas na impossibilidade do método, cozinhe com o mínimo de água e aproveite essa "água de legumes" para cozinhar o seu arroz, por exemplo. Depois de cozido o legume, passe na peneira ou amasse com o garfo e sirva com uma nano-pitada de sal e um micro fio de azeite. Após perceber que os alimentos não provocaram nenhum tipo de reação adversa ou alergia, comece a misturar os alimentos e a incluir sempre algo verde. Aqui, a papinha salgada é a que fez maior sucesso, o Miguel adora qualquer combinação. Entre as favoritas estavam brócolis com mandioquinha, abóbora com abobrinha e inhame com cenoura. Ah, e se o seu filho não gostar de nada, não se desespere: dizem que precisamos oferecer o alimento por até 20 vezes para determinar se eles gostam ou não!
No próximo post, vamos falar de BLW (Baby-Led Weaning), que é basicamente incentivar o bebê a comer com as próprias mãos. E até lá, bom apetite!

Um comentário:

  1. muito bom "imposição alimentar" rsrs espetacular o seu blog Carla Diana

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