quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

E os tais dos orgânicos?

Todos nós já ouvimos falar deles, mas afinal qual é a diferença entre os orgânicos feiosos e os não-orgânicos grandes e brilhantes? 
Bom, já começa pela aparência: o orgânico é normalmente feio e desengonçado, mas cheio de sabor. Sabe aquele sabor de cenoura, mas cenoura de verdade? Então, só no orgânico. O não-orgânico é enorme, viçoso e brilhante, mas ele só é assim por conta dos agrotóxicos.
Se você acha que é tudo teoria da conspiração, faça o teste da cenoura: compre uma cenoura orgânica e uma convencional e prove as duas. Garanto que vai sentir a diferença. 
Compartilho aqui uma parte do material sobre orgânicos do curso  de Gastronomia Funcional que fiz este ano pelo Portal da Educação.


Os alimentos orgânicos são aqueles produzidos sem agrotóxicos, incluindo fertilizantes, inseticidas, bactericidas, antibióticos, hormônios ou promotores de crescimento e também produtos transgênicos. Além disso, a agricultura orgânica baseia-se em uma proposta de trabalho e produção sustentável, pois há preocupação com o meio ambiente.
Quase todo o setor produtivo considera imprescindível a utilização dos agrotóxicos para garantir o rendimento de suas lavouras, no entanto o objetivo final dos orgânicos é a saúde da população. Apesar de não existir estudos definitivos que comprovem que os alimentos orgânicos são mais nutritivos e de existirem estudos controversos na área, especialistas defendem que, por serem cultivados de forma mais natural e não terem muita concentração de água, eles reúnem e preservam melhor os nutrientes.

Já o sistema convencional de produção de alimentos baseia-se na utilização de maquinário pesado, melhoramento genético e insumos químicos. Essa forma de produção tem levado a um desgaste do solo, contaminação de alimentos por agrotóxicos e diminuição da qualidade do alimento.

Com o objetivo de avaliar de forma contínua as concentrações de resíduos de agrotóxicos nas frutas, vegetais e hortaliças que chegam à mesa do consumidor, foi criado a partir de 2001 o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos.

Este trabalho de monitoramento é realizado em conjunto com as vigilâncias sanitárias de vários estados do Brasil. Anualmente, são realizadas coletas e envio dos alimentos in natura dos supermercados para os laboratórios cadastrados para análise.

Os relatórios anuais das atividades do PARA estão disponibilizados no site da ANVISA. No último relatório divulgado referente a análises de alimentos no ano de 2010, os alimentos que apresentaram maior quantidade de insatisfatória de agrotóxicos ou apresentaram uso de agrotóxicos não autorizados foram o pimentão, o morango, o pepino, a alface, a cenoura, o abacaxi, a beterraba, a couve e o mamão.

A população deve ser orientada a preferir essas frutas e hortaliças na versão orgânica. As consequências do uso abusivo de agrotóxicos para a saúde humana são inúmeras. De acordo com os estudos científicos atuais, a ingestão de agrotóxicos em quantidades dentro dos valores diários aceitáveis não confere prejuízo à saúde.

Entretanto, caso a ingestão diária recomendada seja ultrapassada, o que tem sido muito frequente, as consequências podem variar desde sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras até distúrbios do sistema nervoso central, infertilidade feminina, epilepsia, problemas neurológicos, síndrome do pânico, redução de estatura em gerações futuras ou câncer, nas situações mais graves de exposição, como é o caso dos trabalhadores rurais.
Os sintomas geralmente são poucos específicos e podem variar de acordo com diversos fatores, incluindo tipo de agrotóxico ingerido, grau de exposição, idade, peso corporal, tabagismo, entre outros.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para conseguir o nome “orgânico” ou “produto orgânico” escrito no rótulo, o produto deve conter, no máximo, 5% de ingredientes não orgânicos, sendo necessário escrever quais são esses ingredientes.
Já os produtos que tem uma porção maior de ingredientes não orgânicos, só podem ter em escrito no rótulo o termo “produto com ingredientes orgânicos”. Neste caso, a parte orgânica deve ser, no mínimo, de 70%.
Outras expressões, como “ecológico, biodinâmico, da agricultura natural, biológico, agroecológico, do extrativismo sustentável”, entre outras, podem ser escritas nos rótulos dos produtos que sigam as regras da produção orgânica.

Desde 2010 todo produto orgânico brasileiro, exceto aqueles vendidos em feiras de produtos orgânicos e/ou obtidos diretamente com agricultores familiares, possuem o selo da SISORG (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica).




Os produtos e/ou alimentos orgânicos podem ser encontrados nos grandes supermercados e em pequenas mercearias ou lojas especializadas em produtos naturais.
Na maioria das capitais do Brasil existem feiras específicas para alimentos orgânicos.
Nestas feiras são encontradas frutas e vegetais vendidas pelo próprio produtor, o que pode diminuir o preço do produto.

No site planetaorganico.com.br é possível descobrir onde está
localizada a feira em diferentes cidades e municípios do Brasil.

Outra possibilidade é pedir para o agricultor entregar uma cesta, toda semana, em casa. Entretanto, nas feiras e no caso do serviço delivery, os produtos são vendidos sem o selo SISORG. Neste caso, para garantir que o alimento ou produto seja realmente orgânico, esses agricultores familiares devem estar associados a uma organização de controle social, cadastrada nos órgãos do Governo.

Nas gôndolas de supermercados, além da identificação do selo, é fácil reconhecer os alimentos orgânicos frescos como verduras, legumes e frutas. Eles são visualmente menores, são mais coloridos e têm o aroma forte específico de cada alimento. Os alimentos convencionais ficam grandes e bonitos à custa de muito agrotóxico.

Porém, o tamanho nada tem a ver com o valor nutricional, pois boa parte é água. Portanto, não devemos desconfiar da qualidade de um produto orgânico só porque não possui uma bela aparência. O ideal é evitar comprar as frutas e vegetais de tamanho muito grande.

O consumo de alimentos seguros, livres de quantidades excessivas de agrotóxicos, é fundamental para promover a saúde da população e garantir o consumo de alimentos de qualidade e a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, secundárias à ingestão diária de quantidades perigosas de agrotóxicos.


O grande problema com os orgânicos é que normalmente eles são mais caros nos supermercados e muita gente desiste deles porque a feira vai pesar no bolso. Então, seguem aqui algumas estratégias para minimizar o consumo de agrotóxicos:

1) escolha alimentos da época (alimentos de safra demandam uma quantidade muito menor de agrotóxicos para serem produzidos. Além disso, como são de época, são mais baratos)

2) Lave corretamente os alimentos, mas lembre-se que a lavagem, por mais demorada e caprichada que seja, ainda que com uso de água sanitária, vinagre ou hipoclorito, só vai retirar a camada superficial de agrotóxicos. E lembre-se, a proporção é de uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água, deixando o alimento de molho por 15 a 20 minutos.

3) Descasque alguns alimentos, quando possível: pense que em alguns casos, frutas e legumes podem receber uma camada de cera para que não murchem. É óbvio que esta cera não é uma cerinha inofensiva, ela tem na verdade substâncias fungicidas e bactericidas que evitam o aparecimento de fungos e bactérias. Então, sempre que possível descasque maçãs, pimentões, pêssegos, etc.

4) Dê preferência aos produtos nacionais e deixe dessa mania besta que tudo o que vem de fora é melhor. Aquilo que é produzido aqui, não precisa receber ainda mais pesticidas para "durar" mais por causa das longas viagens.

5) Reduza o consumo de gordura animal. Retire sempre pele e gordura de qualquer tipo de carne. Escolha sempre laticínios com baixo teor de gordura pois os resíduos de pesticidas e outros produtos químicos tendem a se concentrar em tecidos gordurosos.

6) Refrigere legumes, verduras e frutas por, no mínimo, duas horas antes de higienizar. Quando o alimento e a água da higienização estão na mesma temperatura, o alimento vai absorver a água e consequentemente os agrotóxicos presentes em sua superfície. Por isso, refrigere antes de higienizar.

Espero que estas dicas tenham ajudado. Aqui em casa, fizeram diferença da compra ao consumo.

No próximo post, receitinhas para as festividades de fim de ano.

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